O. CULPADO

O    Culpado


Ano: 2021 

País:  EUA

Roteiro:  baseado em  “ The Guilty”. De Gustav Moller 

Direção: Antoine Fuqua

Ator:  Jake  Gyllenhaal



O




       Esse filme se passa num único cenário.  É sobre um policial que está afastado de seu trabalho e  fazendo atendimento no número 911. Número de emergência nos EUA. 
       Está ansioso a respeito de uma audiência jurídica que se passará no  dia seguinte.  Está separado de sua mulher e sua conversa com ela é tensa. Ela o acusa de autoritarismo. E, parece esse foi o motivo da separação. Eles têm um filha a quem ele , claramente, sente muita falta .
        Ele atende a ligação de uma mulher que fala baixo e o chama de “querida” como se estivesse falando com alguém proximo. A inicio pensa que é um trote. Depois percebe que ela está acompanhada de um homem que a manda desligar o telefone. Então, percebe que tem algo estranho e pergunta se ela conhece esse homem e se está sendo sequestrada. O que é confirmado por ela. Então, passa a se interessar em proteger essa mulher, a Emily.
      Inicia , então, um processo de procurar a localização do carro em que se encontra Emily . 
E, interceder o trajeto com a polícia rodoviária. Estão saindo da cidade.  Joe ,começa a se desesperar, precisa proteger essa mulher, vulnerável.
      O policial, Joe,  vai se envolvendo de forma que acaba por  voltar-se completamente contra esse homem que está levando a mulher, Emily,  em um furgão para fora da cidade. Essa situação vai se estendendo com aparente sofrimento e desespero de Emily.
       Percebe que os filhos do casal estão sozinho em casa. Pede que um colega policial vá a casa deles pois são duas crianças e consegue falar ao telefone com a filha  de Emily e Henry. Tenta acalmar a a menina e pede a ela que faça companhia a seu irmão que está em outro quarto. Então relata que seu pai pediu que ela não fosse ao quarto do irmão . Joe insiste que ela vá e ela diz que ele está dormindo e que é pra não acordar , seu pai pediu assim.  Joe percebe que há algo de errado com o bebê pede pra um colega ir à  casa deles pra ver o que está acontecendo lá, pois são crianças sozinhas em uma casa. Seus colegas então acabam por ir. Chegando lá , conseguem  que a menina abra a porta ,  e levam o bebê que está sangrando ao hospital. Foi esfaqueado.  Joe salva, dessa forma o bebê que vai para a  UTI.
     .Joe , tentando proteger Emily sempre ao telefone ,  a induz a agredir ao homem que ele já sabe que é o marido dela, Henry. A convence com o argumento de que ele, Henry merece a agressão pois atribui a agressão ao bebê a ele, o pai. Ela agora está presa na parte de trás do furgão e lá encontra  uns tijolos e incentivada pelo policial , agride o marido com estes. . O marido fica ferido na cabeça e ela  então, foge.   
        A esse ponto , já no final do filme,  conversando com Emily, percebe que ela sente-se culpada em relação aos ferimentos de seu bebê e tenta  justificar-se referendo-se as cobras que estavam nele.  Neste momento,   percebe seu grande engano. 
         Uma situação se repete com ele.  Ele deverá ir a julgamento no dia seguinte pelo mesmo motivo. Por ter matado um rapaz , que estava sendo preso por ele. Ele o havia punido de forma que o matou.  Um jovem.  Esse episódio da mulher ,  e da agressão ao marido dela incentivada por ele, é  uma repetição.  Seu julgamento o leva, nos dois casos,  a atitudes violentas e erróneas.  Precipitação que,  mesmo com boas intenções , o 
leva a conclusões baseadas em pré conceitos. Pré conceitos num sentido amplo,  como:  violência sempre parte dos homens, as mulheres ( tem o chamado instinto maternal?) sempre protegem os filhos, e  como até já vimos em outros filmes:   as crianças sempre falam a verdade. E por aí vai. 
        Essas suposições muitas vezes são tomadas como regras ou leis. Regras que estão muitas vezes em contradição  com a realidade .  Muitos chamam de crenças pois partem  de vontade , às vezes coletivas, de acreditar em determinados anunciados . Pois em alguma medida servem para alcançar certezas de forma  rapida e aparentemente segura sem necessidade de investigação e pensamento próprio.  Pior ocorre quando a necessidade de dar incontestavel credibilidade , faz com que, ( e isso é bem pior) se atribua a um princípio científico.  Vemos acontecer isso muito, neste século.  A física quântica é muitas vezes alvo desses mitos.

      Bem , retornando ao filme,  vemos que o protagonista, muito rapidamente compreende e interfere nessa complexa situação familiar.  A necessidade de chegar a uma compreensão da situação de forma rápida pode nos levar a deduzir por critérios gerais, estatísticos, mesmo quando sabemos que às vezes, esses critérios não revelam a realidade.  Por exemplo quando  o protagonista falando até mesmo pela própria Emily , sugere que ela foi sequestrada. Partindo do princípio que o abusador e violento, é sempre o homem. Essa conclusão é baseada na maioria, no senso comum.  O comportamento que se guia pela estatística tem percentual de acerto. Mas o filme se propõe a discutir exatamente como um dado estatístico ou do senso comum, pode ser confundido com uma lei científica. O provável não é o  verdadeiro, o improvável também ocorre. A investigação, a busca da verdade é sempre necessária para se conhecer um fato. Muitas fake News podem ser  exemplo. As fake news são muitas vezes credíveis.  Assim como mitos , partem às vezes de uma verdade que se desdobra e se afasta de qualquer realidade. Mas o que o filme também traz  uma questão  sobre o julgamento relacionado a uma profissão . À medida que o policial comete o erro durante o exercício de sua profissão, nas duas vezes. E aí fica uma pergunta . Será que profissões que estão diretamente ligadas à situações de emergência são mais suscetíveis a julgamento errôneos? Pois a interferência da estatística ou das crenças interferem mais autonomamente , nessas profissões? Ou ainda, a pressão em uma situação de extrema violência? Mas talvez seja tudo isso e ainda mais. Talvez seja muito difícil pra nós, só seres  humanos, ficarmos isentos do senso comum, dos  pre-julgamentos, da estatística. Temos como destino o pensamento para nossa sobrevivência mas talvez, pensar,  seja muitas vezes, em determinadas condições,  impossível.  Por isso seremos todos, em algum grau, culpados. 
         
 



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