Truman Show A vida em direto
TRUMAN. SHOW. - A VIDA EM DIRETO
Ano: 1998
Direção : Peter Weir
Roteirista : Andrew Niccol
Prêmios: Saturn Award melhor filme de fantasia e melhor Roteiro para Andrew Niccol
BAFTA melhor direção Weir
Robert Award : melhor filme americano do ano Diretor
Screen internacional Award diretor Weir
London Films crítics diretor do ano
On line Film critics Award de melhor roteiro original
Ri
Filme que aborda o início das redes sociais nos anos 90. Crítica muito pertinente a respeito de aspectos como controle , ética e relacionamentos numa época em que a comunicação se expande de forma quase incontrolável. As relações estavam por se tornar mais públicas . Irreversivelmente mais expostas. Apesar da historia do filme ser extrema e inverossímil traz questões relacionadas às consequências reais do uso indiscriminado desse novo instrumento de divulgação das relações e vida das pessoas.
Truman é um jovem adulto que nasceu já dentro da mídia televisiva. Foi vendido pelos pais e seu nascimento foi público. Há anos sua vida é acompanhada por muitos curiosos. Ele é como um bichinho humano de laboratório que passa por situações afetivas controladas pelo diretor e produtores do programa. Com direito ao drama de ser responsável pela suposta morte de seu pai biológico. A curiosidade dos telespectadores que acompanham sua vida há anos é assim estimulada e perpassa por todas as classes sociais, culturais e etárias.
Essa curiosidade pela vida do outro é , sem dúvida, o que move o acesso das pessoas nas redes. Saber como o outro está vivendo , o que faz , o que lhe acontece, qual seu sucesso ou fracasso. Como se vivêssemos da emoção da vida do outro ou ainda da necessidade de comparação com a vida do outro. O que será que o outro conseguiu ou será que a vida dele tem mais de vida do que a minha? E como se faz pra medir qual vida é mais bem vivida? Mais bem aproveitada ? Os parâmetros são vários entre as medidas mais perfeitas dos corpos, harmonizações , mais dinheiro ou luxo, encontro de príncipes ou princesas de almas mais gêmeas, viagens mais inusitadas e até pensamentos mais positivos a partir da relatividade quântica.
E essa curiosidade tem seu lado reverso. Ou seja, a necessidade de expor vidas super vencedoras , famílias quase que perfeitas ,sempre com pensamentos leves e simpáticos, de acordo com esses parâmetros.
O caso de Truman isso não ocorre. Ele está exposto não por vontade própria ,ele é invadido, ele não tem direito à privacidade. Ele não tem relacionamentos verdadeiros. Ele percebe isso pois afinal o diretor do filme sabe que inconsciente existe. E o protagonista percebe e se apaixona imediatamente pela única pessoa que não está representando , que é de verdade, e que tenta avisá-lo da farsa. Ele não tem a vaidade que o exibicionismo propõe pois ele não tem consciência da sua exposição . Mas , aos poucos , vai percebendo que todas as pessoas à sua volta são falsas , representam, não são de verdade. Seu relacionamento com os outros não existe. E aí a torcida da assistência é pra que ele possa ter direito à vida real com relacionamentos reais embora falsidades sejam muito reais na vida. Coisa que até é ponderada pelo diretor do programa. Mas enfim , nesse caso não eram autênticas eram superficiais . Só ele era o verdadeiro no show. As relações que na vida real podem ser complexas e conflituosas mas que implicam afetos e dores e decepções verdadeiras .
Truman é frustrado, tem um trabalho que não lhe interessa, não lhe faz sentido. Ele é obrigado a viver uma vida sem esforço, sem doação ,sem propósito, sem sonho. Tudo é superficial . A doação de que todo ser humano é capaz não pode nele se expressar para fazer que a vida , enfim, tenha um sentido, valha a pena.
RU
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