O. TIGRE. BRANCO
Filme: 2021 Índia Português/ Inglês
Direção: Ramin Barhani
Esse filme nos convida a pensar na nossa natureza e na busca de um mundo mais justo. Um mundo pra todos.
O nome tigre branco refere-se a um mutação que ocorre a cada dez gerações na natureza do tigre que aqui é comparado ao homem. Na verdade é uma anomalia, é um tigre albino. É uma falha genética, um distúrbio.
O filme começa com a narrativa do protagonista que está contando sua historia. E escrevendo para o primeiro ministro da China. Nota-se desde o início, um certo sarcasmo durante a narrativa. Roteiro retirado de um livro indiano de Aravindi Adiga.
Filme indiano que retrata bem a Índia . Quase como um documentário nos dá clara ideia da divisão social que ocorre no país com as diferenças de castas. Realmente uma India no luxo mais sofisticado e requintado, moderno e outra Índia de fome, falta de saneamento básico, sem o mínimo de condições humanas de vida. India das trevas como diz o protagonista. Os animais do zoológico que é propositadamente mostrado , são tratados de modo melhor, mais cuidadoso do que os seres humanos que estão pelas ruas, pelo chão, por toda parte. Nas castas mais baixas,, as famílias dessas castas moram numa cabana com teto de palha, amontoados. Situação que mostra o pior da dominação e exploração do homem pelo homem. Onde essas pessoas são vistas num misto de escravos e animais irracionais ,onde o valor do trabalho e da própria força de trabalho é subestimada. E estes frequentam pouco a escola e mau são alfabetizados.
Balram é um rapaz pobre , da casta baixa, ambicioso, e quando à chegada do patrão à sua aldeia, admira o filho deste, recém chegado dos EUA. E ali decide ser seu motorista quando o vê dirigindo o próprio carro. O rapaz é bem cuidado, elegante e bonito. É assim que Balram quer ser.
Aprende a dirigir, convencendo sua avó a lhe dar o dinheiro para as aulas de direção, garantindo que a fará rica. E, com argumentos um tanto inventados, consegue entrar na casa dos patrões. Oferece seus serviços de motorista e , apesar de já possuírem um, acaba sendo contrata Irrita-se, porém, pois passa a executar serviços gerais a mando do outro motorista. Aceitar ordens de um subalterno não lhe agrada. Começa a vigiar seu concorrente a fim de poder descobrir algo contra este . E , um dia, cedo, época de Ramadã , o vê entrando na Mesquita sem nem mesmo tomar o café pela manhã . Muçulmanos são temidos pelos patrões. E é isso que ele vai usar para chantagear seu rival e fazê-lo se demitir após 20 anos de serviço de motorista nessa família.
Balram vai conquistando lugar na família com um comportamento dócil e afetuoso. Comportamento que vai apresentar até o momento que seu patrão o faz assinar uma confissão falsa de que teria atropelado uma criança , numa determinada noite, sem dar socorro. Coisa que a mulher do filho de seu patrão é quem teria cometido. O motorista fica com muita raiva e essa atitude violenta acaba separando a esposa do filho do patrão que se indigna com o sogro. Embora não tenha consequência jurídicas ou policiais pois, a corrupção, do poder é tão corriqueira quanto a miséria das castas baixas, essa declaração falsa, traz a perspectiva de que nunca conseguiria mudar sua condição de vida. Explode o ódio que nutria dentro d si.
Surge, então , um novo comportamento em Balram. Começa a roubar seu patrão forjando problemas mecânicos no carro , para vender as peças. Utiliza o carro para fazer lotada nas horas de Rusch. Ganhar dinheiro pra ele agora é importante. Sua ambição, ganância eclode. O filho de seu patrão, de quem tinha se aproximado depois da separação deste, tem entregado muito dinheiro para os políticos, numa bolsa vermelha. O suborno faz-se necessário para não ter de pagar os devidos impostos. De forma que nosso protagonista entra na corrente do crime matando o patrão de forma fria e planejada. E sem remorso, executa seu plano de terceirizar empresa de carros com motoristas, com o dinheiro roubado. Sua família é morta em consequência de seus atos. Procura negar isso, evitando ler a notícia.
Qq O. protagonista sente orgulho de sua história. Ele se sente um herói. Nenhuma culpa o perturba. Fala das contravenções e crimes como grandes feitos, fruto de sua esperteza, de sua inteligência. Parece que fica na fronteira entre o cinismo e a falta de autocrítica. O que importa é ter o poder. Se ele tem o poder então é alguém especial assim como um “rei” . Está embevecido pelo próprio prazer que o poder permite. Como se a mortalidade e a transitoriedade da vida e ainda , as qualidades que definem o humano construídas ao longo da existência na terra, não valessem.
Acho que o filme é uma grande crítica, sobre os vencedores. Os poderosos que se embriagam do próprio poder e se acham acima do resto da humanidade, acima do bem e do mal. Sentem-se deuses, enganadores, que conseguem só enganar a si mesmos. Pois não passam do pior exemplo da espécie, que ficou preso a própria natureza selvagem, animal, devoradora, sanguinária. Como um tigre. Não só o protagonista, mas todos os exploradores que o filme mostra, incluindo os políticos corruptos.
Crítica também uso da violência, do crime, como consequência necessária à desigualdade e injustiças sociais contrapondo à luta de resistência passiva de Gandhi. É notório a menção deste, pelas varias cenas onde se vê um monumento à sua memória. Enfim, parece que não se aprendeu nada com a experiência de Gandhi
2021 India
Filme: 2021 Índia
Direção: Ramin Barhani
Esse filme nos convida a pensar na nossa natureza e na busca de um mundo mais justo. Um mundo pra todos.
O nome tigre branco refere-se a um mutação que ocorre a cada dez gerações na natureza do tigre que aqui é comparado ao homem. Na verdade é uma anomalia, é um tigre albino. Uma falha genética. Um distúrbio.
O filme começa com a narrativa do protagonista que está contando sua historia. E escrevendo para o primeiro ministro da China. Nota-se desde o início, um certo sarcasmo durante a narrativa. Roteiro retirado de um livro indiano de Aravindi Adiga.
Filme indiano que retrata bem a Índia . Quase como um documentário nos dá clara ideia da divisão social que ocorre no país com as diferenças de castas. Realmente uma India no luxo mais sofisticado e requintado, moderno e outra Índia de fome, falta de saneamento básico, sem o mínimo de condições humanas de vida. India das trevas como diz o protagonista. Os animais do zoológico que é propositadamente mostrado , são tratados de modo melhor, mais cuidadoso do que os seres humanos que estão pelas ruas, pelo chão, por toda parte. Nas castas mais baixas,, as famílias dessas castas moram numa cabana com teto de palha, amontoados. Situação que mostra o pior da dominação e exploração do homem pelo homem. Onde essas pessoas são vistas num misto de escravos e animais irracionais ,onde o valor do trabalho e da própria força de trabalho é subestimada. E estes frequentam pouco a escola e mau são alfabetizados.
Balram é um rapaz pobre , da casta baixa, ambicioso, e quando à chegada do patrão à sua aldeia, admira o filho deste, recém chegado dos EUA. E ali decide ser seu motorista quando o vê dirigindo o próprio carro. O rapaz é bem cuidado, elegante e bonito. É assim que Balram quer ser.
Aprende a dirigir, convencendo sua avó a lhe dar o dinheiro para as aulas de direção, garantindo que a fará rica. E, com argumentos um tanto inventados, consegue entrar na casa dos patrões. Oferece seus serviços de motorista e , apesar de já possuírem um, acaba sendo contratado. Irrita-se, porém, pois passa a executar serviços gerais a mando do outro motorista. Aceitar ordens de um subalterno não lhe agrada. Começa a vigiar seu concorrente a fim de poder descobrir algo contra este . E , um dia, cedo, época de Ramadã , o vê entrando na Mesquita sem nem mesmo tomar o café pela manhã . Muçulmanos são temidos pelos patrões. E é isso que ele vai usar para chantagear seu rival e fazê-lo se demitir após 20 anos de serviço de motorista nessa família.
Balram vai conquistando lugar na família com um comportamento dócil e afetuoso. Comportamento que vai apresentar até o momento que seu patrão o faz assinar uma confissão falsa de que teria atropelado uma criança , numa determinada noite, sem dar socorro. Coisa que a mulher do filho de seu patrão é quem teria cometido. O motorista fica com muita raiva e essa atitude violenta acaba separando a esposa do filho do patrão que se indigna com o sogro. Embora não tenha consequência jurídicas ou policiais pois, a corrupção, do poder é tão corriqueira quanto a miséria das castas baixas, essa declaração falsa, traz a perspectiva de que nunca conseguiria mudar sua condição de vida. Explode o ódio que nutria dentro d si.
Surge, então , um novo comportamento em Balram. Começa a roubar seu patrão forjando problemas mecânicos no carro , para vender as peças. Utiliza o carro para fazer lotada nas horas de Rusch.
Ganhar dinheiro pra ele agora é importante. Sua ambição, ganância eclode. O filho de seu patrão, de quem tinha se aproximado depois da separação deste, tem entregado muito dinheiro para os políticos, numa bolsa vermelha. O suborno faz-se necessário para não ter de pagar os devidos impostos. De forma que nosso protagonista entra na corrente do crime matando o patrão de forma fria e planejada. E sem remorso, executa seu plano de terceirizar empresa de carros com motoristas, com o dinheiro roubado. Sua família é morta em consequência de seus atos. Procura negar isso, evitando ler a notícia.
O. protagonista sente orgulho do sua história. Ele se sente um herói. Nenhuma culpa o perturba. Fala das contravenções e crimes como grandes feitos, fruto de sua esperteza, de sua inteligência. Parece que fica na fronteira entre o cinismo e a falta de autocrítica. O que importa é ter o poder. Se ele tem o poder então é alguém especial assim como um “rei” . Está embevecido pelo próprio prazer que o poder permite. Como se a mortalidade e a transitoriedade da vida e ainda , as qualidades que definem o humano construídas ao longo da existência na terra, não valessem.
Acho que o filme é uma grande crítica, sobre os vencedores. Os poderosos que se embriagam do próprio poder e se acham acima do resto da humanidade, acima do bem e do mal. Sentem-se deuses, enganadores, que conseguem só enganar a si mesmos. Pois não passam do pior exemplo da espécie, que ficou preso a própria natureza selvagem, animal, devoradora, sanguinária. Como um tigre.
Crítica também uso da violência, do crime, como consequência necessária à desigualdade e injustiças sociais contrapondo à luta de resistência passiva de Gandhi . É notório a menção deste, pelas varias cenas onde se vê um monumento à sua memória. Enfim, parece que não se aprendeu nada com a experiência de Gandhi.
The film begins with the protagonist telling his story. And writing to the prime minister of China. From taken from an Indian book by Aravindi Adiga.
An Indian film that portrays India well. Almost like a documentary, it gives us a clear idea of the social division that takes place in the country, with its caste differences. There is indeed an India of the most sophisticated and refined, modern luxury and another India of hunger, lack of basic sanitation, without the minimum of human living conditions. Dark India, as the protagonist says. The animals in the zoo, which is deliberately shown, are treated better, with more care than the human beings on the streets, on the ground, everywhere. In the lower castes, the families of these castes live in a hut with a thatched roof, huddled together. A situation that shows the worst of the domination and exploitation of man by man. Where these people are seen as a mixture of slaves and irrational animals, where the value of work and their own labor power is underestimated. And they attend little school and are barely literate.
Balram is a poor, low-caste, ambitious boy who, when his boss arrives in his village, admires his son, who has just arrived from the USA. He decides to become his driver when he sees him driving his own car. The boy is well-groomed, elegant and handsome. That's how Balram wants to be.
He learns to drive, convincing his grandmother to give him the money for his driving lessons, guaranteeing that he will make her rich. And, with somewhat invented arguments, he manages to get into his bosses' house. He offers his services as a driver and, despite the fact that they already have one, he ends up being hired. He gets angry, however, because he starts doing general services at the behest of the other driver. He doesn't like taking orders from a subordinate. He begins to keep an eye on his competitor in order to find out something about him. And one day, early in the morning, during Ramadan, he sees him entering the mosque without even having breakfast. Muslims are feared by their employers. This is what he uses to blackmail his rival into resigning after 20 years as a driver for the family.
Balram gains a foothold in the family with his docile and affectionate behavior. This behavior continues until his boss makes him sign a false confession that he ran over a child on a certain night without helping. Something that his boss's son's wife had done. The driver becomes very angry and this violent attitude ends up separating his wife from his boss's son, who is angry with his father-in-law. Although it has no legal or police consequences because the corruption of power is as commonplace as the misery of the lower castes, this false statement brings the prospect that he will never be able to change his condition in life. The hatred he harbors inside him explodes.
A new behavior emerges in Balram. He starts stealing from his boss by faking mechanical problems with his car in order to sell the parts. He uses the car to run errands during Rusch's hours.
Making money is important to him now. His ambition, his greed, erupts. His boss's son, whom he had become close to after his separation, has been handing over a lot of money to politicians in a red bag. The bribe is necessary to avoid having to pay taxes. So our protagonist enters the chain of crime by killing his boss in a cold and planned way. And without remorse, he carries out his plan to outsource his car company to drivers with the stolen money. His family is killed as a result of his actions. He tries to deny it by avoiding reading the news.
The protagonist is proud of his story. He feels like a hero. No guilt disturbs him. He speaks of misdemeanors and crimes as great deeds, the fruit of his cleverness, his intelligence. He seems to border between cynicism and a lack of self-criticism. What matters is having power. If he has power, then he's someone special, like a "king". He is enraptured by the very pleasure that power allows. As if mortality and the transience of life, as well as the qualities that define a human being, built up over the course of their existence on earth, didn't matter.
I think the movie is a great critique of the winners. The powerful who get drunk on their own power and think they are above the rest of humanity, above good and evil. They feel like gods, deceivers,
I think the movie is a great criticism of the winners. And of Gandhi's struggle of passive resistance. It's notorious for mentioning him in several scenes where we see a monument to his memory. In short, it seems that nothing has been learned from Gandhi's experience.
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