Filme DEUS DA CARNIFICINA

        


DEUS   DA  CARNIFICINA               Filme Netflix 


Filme : Roman Polansk
Autora : Yasmin Reza
Atores:  Jodie  Foster ,  Kate  Winslet,  John C. Reilly, Christoph waltz
Roteiro: Roman Polanski e Yasmina Reza


Prêmios: Leão de ouro 2012,  melhor roteiro festival de Veneza 2011, prêmio Goya de melhor filme Europeu 2012, melhor diretor prêmio Leão de Prata 2011, 


            O filme inicia com briga de adolescentes , colegas, onde um deles, com um pedaço de madeira, agride o rosto de outro.

            Cena seguinte a mãe do garoto agredido escreve  um relato do ocorrido que teve como consequência 2 dentes quebrados sendo que um dos dentes com lesão na raiz do dente.  Esse relato é feito na presença do pai do garoto agredido e de outro casal , os pais do agressor.

          Os pais  do agressor concordam sobre a responsabilidade do filho e prometem trazê-lo ali, mais tarde,  para se desculpar com o coleguinha. 

          Estão de saída quando, o casal dono da casa aonde de desenvolve o filme, mais precisamente o pai do agredido, sugere um café com bolo, que imediatamente é aceito .

        A impressão que tive foi que de alguma forma,  estava se pretendendo algum acordo econômico, pois sempre que o casal se levantava para sair o pai da criança agredida tentava trazê-los para dentro de casa, oferecendo um café e  dando continuidade à conversa sobre o ocorrido.     

       Coincidentemente, o pai do agressor, que era advogado, estava exatamente orientando um cliente, dono de uma empresa de medicamentos, a respeito da responsabilidade sobre sequelas de um remédio.  Esse ficava atendendo celular que o chamava insistentemente.

        A cada vez que ele falava ao celular ia ficando mais clara a posição deste advogado. Sua sugestão era de negar peremptoriamente qualquer menção de consequência sobre os efeitos colaterais  provocadas pela medicação de seu cliente, na mídia. 

         Pela janela desse apartamento pode-se ver Manhatan e os prédios ao longe. 

       O marido do casal menciona que dá pra ver seu apartamento . O casal é de classe social diferente.  Mora na parte mais cara da cidade que é também, a mais cara do mundo. 

         De forma que ,vai ficando cada vez mais claro que esses pais não vão concordar com a culpa de seu filho. Mesmo que a início, a mãe do agressor tenha concordado em trazê-lo para se desculpar com o garoto agredido. Essa mulher, porém, sustentada pelo marido e sem ofício, começa a passar mal e acaba por vomitar no livro raro do artista Francis Bacon, propriedade da anfitriã. Pode-se aferir que movida pela inveja ,apesar de todo aviso e conselho para vomitar no banheiro ou em um balde trazido pra isso, acaba por escolher, mesmo que inconscientemente, justamente no livro de edição rara do artista, tão valorizado pela antropóloga.

         Ao lado desse conflito entre os pais, também vai se apresentando os conflitos entre o casal , donos da casa. O marido, vendedor de objetos de metal de casa, como puxador, descargas, etc e. a esposa , mulher culta, antropóloga.

         Também vai ficando claro como as diferenças culturais  vão condicionar os valores  éticos do casal a respeito do comportamento do garoto agressor. 

        E o filme então se desenrola nesse clima cada vez mais tenso entre os dois  casais. Onde a responsabilidade sob a agressão de um dos garotos é o tema  central.

         O casal , pais da criança agredida, em conflito divergem em relação à atitude do marido de jogar na rua o hamster da filha deles. Coisa que o pai fez, sem culpa.  O “ Mordidinha” , nome do hamster, dava medo a ele.  E então a saída foi joga- ló fora. Como se fosse uma coisa. Fica cada vez mais clara a diferença de valores entre eles. 

         Num determinado momento as mulheres unem-se em contra  seus maridos .  Esses pretendem  que os conflitos deveriam ser resolvidos por meio da violência e briga. Recordam -se com grande prazer dos tempos de juventude,  onde isso era possível e era valorizado.

         Continuam jovens, se percebe , em seu modo de pensar.

         A esposa do advogado de  Manhatan acaba por também defender a atitude de não responsabilidade do filho. 

        Parece que apenas a antropóloga,   dá importância do ensinamento da ética  e dos valores culturais e ao conhecimento. Enquanto que os outros personagens defendem que a agressão  é válida na briga , por isso seu filho não tem culpa a respeito dos dentes quebrados do colega.

          E assim o filme acaba.

           O trabalho de Francis Bacon , no livro raro que está sobre a mesa, e do pintor, e, faz referência à deterioração, à deformidade.. Suas telas e desenhos retratam corpos desformes.              

           No  caso podemos associar a  deformidade do caráter . Deformidade de valores, de princípios. É como o caos pintado muita vezes por Bacon . Caos nas relações humanas, caos na vida. Desmembramento do humano no corpo e na alma. É a representação visual da carnificina. Destruição da harmonia, da ordem , da vida. E um retorno à violência humana primitiva, à  força bruta, ao mundo da transgressão , mundo sem lei.

         Interessante que tem outro Francis Bacon homônimo ,justamente o contraponto do primeiro.  Pai da ciência moderna , do método científico. O Bacon, filósofo, ciente de que a  ciência é um bem pra humanidade que pretende melhorar nossa qualidade de vida , que pretende buscar sentido pra vida, que propõe que o pensamento e a imaginação  são o destino da humanidade. Onde a ética ,assim como a harmonia ,são valores a serem desenvolvidos.  Pois , combatem o caos dentro de nós, que muitas vezes por ganância e egoísmo, nos dirige  a para um retorno ao mais primitivo em nós, não só ao canibalismo , condição original da raça humana,  mas também a destruição do outro para o próprio prazer,   atraídos pelo Deus da carnificina.

Trailer do filme

        



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