Filme A Caça /Jagten - 2012
Netflix Português / Inglês
Prêmio do Cinema Europeu melhor filme do ano 2012. Prêmio BAFTA de melhor filme estrangeiro e Oscar de melhor filme estrangeiro. Prêmio BODIL, melhor filme dinamarquês.
Diretor : Thomás Vinterberg..
Roteiro: Thomás Vinterberg e Tobias Llindholm
Logo na primeira cena vemos um grupo de homens que em novembro, início de inverno, competem pra ver quem tem coragem de entrar no lago , nu. Um deles entra e começa a sentir câimbra. Imediatamente Lucas , o protagonista vai em sua ajuda e o faz sair da água.
O filme se passa numa cidade pequena, na Europa setentrional, o protagonista é um homem solitário que vive com a sua cadela mansa e gordinha. Separado, com um filho que mora em outra cidade , com a mãe, e do qual sente muita falta. Sua ex esposa é uma mulher com a qual Lucas procura negociar a visita do filho, sem muito êxito, porém. Ela não lhe dá chance , não o ouve. E , ainda demonstra certo desprezo por ele que ficou desempregado com o fechamento do colégio que trabalhava como professor e, no momento, trabalha em outro colégio , com as crianças pequenas. Ela vê esse trabalho como um sub- emprego para ele.
Como um Homem aceita trabalhar em um emprego que é visto socialmente como um serviço feminino? E não se sentir diminuído ou menosprezado por isso? Trabalho feminino , um sub-emprego para o homem. Mas Lucas está feliz cuidando das crianças , ao contrário se relaciona com as crianças com empatia e respeito, as escuta. Realiza um trabalho dito maternal, sem ser maternal, ele é acolhedor. Junto às crianças ele pode experimentar sua afetividade e se comunicar de forma direta com elas através dos jogos e brincadeiras e , mesmo com autoridade e paciência , de um pai amoroso. Fica claro, quando observamos os outros homens do filme, que dificilmente um desses poderia exercer essa atividade . Pois estes procuram se adptar ao conceito social e historicamente difundido do Homem, que o coloca como tendo de apoiar sua força e bravura em um modo de ser, duro e frio. Esse conceito de homem, que nunca erra e que é forjado para a guerra e a caça. Crianças são frágeis, dependentes e requerem de certa habilidade e maturidade de quem cuida delas para se sentirem acolhidas. Além de estarem ainda criando significados para seus sentimentos e percepções o que demanda muita clareza na comunicação. Logo, esse trabalho não poderia ser executado por um homem que se encontra preso ao conceito social de homem e não amadurece no sentido de romper com a demanda social sobre si
Lucas também é próximo da filha de seu melhor amigo, uma menina de 5 anos. Conversa com ela, procura entendê-la, sem Infantiliza-la. E Ela claramente se ressente da falta de atenção da família, com pais que brigam de forma assídua e em especial da atenção do pai. Ela reage, Lucas percebe e procura ser seu amigo, ajudando-a sempre que possível, levando-a à escola , quando necessário. Ela tem algumas dificuldades com as linhas. Não consegue pisar nelas . Linhas que estão presentes no caminho para a escola, momento em que Klara sente-se muito triste, que sofre com as negativas de seu pai em acompanhá-la. As linhas representam a dor da falta do pai. Klara reage negando essa dor e a raiva que a mágoa provoca e por isso não pode pisar nas linhas. Lucas respeita sua dor e a dificuldade dela com as linhas. Ele a entende.
Klara tenta resolver a questão substituindo o pai por Lucas.. E se declara a ele com o presente de um coração e um beijo. Lucas não aceita, e Klara sofre. Lucas diz-lhe que ofereça a um coleguinha demostrando, dessa forma, que ele não é seu pai. Klara, então, rejeitada novamente, ressentida, inverte as intenções e se vinga dizendo que Lucas que lhe deu o coração. A diretora não suspeita dessa inversão apesar, do coração, parecer claramente feito por uma criança do sexo feminino. Não prestando nenhuma atenção ao objeto. Apenas, se mostra preocupada , se esse presente significava alguma aproximação de cunho sexual, por parte de Lucas. E todas suas perguntadas então, giram, sob esse tema. Tendo, Klara, identificado algo semelhante sobre isso nos comentários de seu irmão e o amigo dele, acaba por repetir algo dito por eles sobre a transformação do órgão sexual masculino , quando em estado de excitação. Coisa que é suficiente para despertar fantasias e pensamentos sobre comportamento de Lucas, na diretora , que sem poder mais se controlar, precisa comentar com alguém. Escolhe então a autoridade policial da cidade. O delegado, figura de aspecto truculento e ameaçador, que imediatamente acolhe as fantasias da diretora sobre Lucas, acrescentando ainda à fala de Klara atividades sexuais e demonstrando assim , seu próprio pensamento e fantasias. O policial e a diretora fazem então, um retrato de Lucas para o resto da escola , incluindo os pais dos alunos.
Lucas é considerado culpado de assédio não só à Klara mas às outras crianças também. Todas questionadas confirmam às perguntas feitas, como Klara. Antes mesmo do julgamento ele é condenado. Perde o emprego e todos seus amigos se afastam dele, sob o argumento de que as crianças não mentem. Parece que todos os adultos vão se utilizar das crianças para confirmarem suas próprias fantasias e desejos.
Toda responsabilidade da condenação passa a ser delas. Com esse argumento todos os adultos ficam desobrigados de pensar e julgar sobre os fatos como ainda, são completamente autorizados a liberarem sua agressividade sobre Lucas. Ele é a caça! O único que parece saber que Lucas é inocente é o irmão de Klara que parece não ousar falar nada. Parece que tem medo.Filho deLucas chega à cidade. E, acreditando na inocência de seu pai, vai em busca do pai de Klara para que este possa conversar com a filha e procurar saber a verdade . Ele vai pedir que pensem, que investiguem. Até seu padrinho parece estar em dúvida. E sofre com a negativa de todos e acaba por também virar alvo do ódio da cidade. Lucas é absolvido no tribunal o que não muda o comportamento de ninguém.ao, contrário, parece que piora pois matam sua cadela. Companheira de Lucas, velha e gordinha, dormia aos pés da cama dele. Muito mansa só se irritava quando ouvia o nome da ex-mulher dele. Fanny, a cadela, era também amiga de Klara.
O assassinato de Fanny, muda Lucas, que agora deprimido e indignado, revolta-se . Ressentido, principalmente contra seu melhor amigo, pai de Klara, demonstra toda sua mágoa durante a missa de natal, onde vai aparentemente bebado. O amigo percebe sua amargura e vê a injustiça que pode estar cometendo após falar com sua filha e percebe que ela sente culpa em relação aos acontecimentos ocorridos com Lucas e sobre sua cadela. Klara sofre. Convencido de sua inocência procura o amigo e se reconcilia. E , assim parece toda a cidade se reconcilia também.
Aparentemente a hostilidade contra o protagonista é superada.
É, então chegado o dia da iniciação do filho de Lucas no grupo de caça. O grupo de verdadeiros homens. Os homens vão à caça. E Lucas quase é baleado.
Ele se assusta. Parece então, que dá-se conta de que o grupo de amigos que conviveu durante tanto tempo, não o perdoou. Na realidade o mesmo motivo que o levou a ser tão prematuramente condenado, toda agressividade que a cidade demonstrou contra ele, não se resolveu. O que ele não entende é que os amigos aparentemente adultos, capazes e autônomos vivem sob a tirania da necessidade de dominação eterna para poder se sentirem verdadeiros homens. Não conseguem escapar da rivalidade e competição . Portanto um homem livre desse jogo, que escolhe a mansidão, a empatia, a afetividade para se relacionar seja com adultos ou com crianças provoca inveja. Logo, ele vê que a hostilidade dos outros homens contra ele, não vai passar, não importa que não tenha cometido nenhum crime. Pois ele não tem medo de ser homem. E isso é imperdoável para os outros.
Dia da caça é dito no filme: “dia que os homens viram ratos e os ratos viram homens”. Muito bem dito!!!!!!
THE HUNT
The Best European movie award of the year 2012.
BAFTA Award for Best Foreign Film and Oscar for Best Foreign Film.
BODIL Award, best Danish movie. Director: Thomas Vinterberg.
Screenplay: Thomas Vinterberg and Tobias Lindholm.
Right in the first scene, we see a group of men in November, early winter, competing to see who dares to enter the lake, naked. One of them comes in and starts to feel cramped. Immediately, Lucas the protagonist goes in his help and makes him come out of the water. The film passes in a small town in Septentrional Europe, the protagonist is a lonely man who lives with his meek and chubby dog. Separated, with a son who lives in another town with his mother, and whom he misses a lot. His ex-wife is a woman Lucas seeks to negotiate his son's visit without much success. She doesn't give him a chance; she doesn't listen to him. And she still shows a certain contempt for him because he became unemployed when the school where he worked as a teacher closed and now, works at another school, with young children. She sees his job as a sub-job. How does a man accept working on a job that is socially seen as a woman’s job? How doesn’t he feel diminished or despised by that? Women's work, a sub-employment for men? But Lucas is happy taking care of the kids. On the contrary, he relates to children with empathy and respect and listens to them. He does a work called maternal, without being maternal, he is welcoming. Along with the children, he can experience his affection and communicate directly with them through games and playing, even with the authority and patience of a loving father. When we observe the other men in the movie, clearly none of them could do this activity. Because they seek to adapt to the socially and historically widespread concept of Man, which places them as having to support their strength and bravery in a hard and cold way of being. This concept of man, who never makes mistakes and who is forged for war and hunting. Kids are fragile, and dependent and require a certain ability and maturity of those who take care of them to feel welcome. Besides creating significance for their feelings and perceptions it requires a lot of clarity in communication. So, this job couldn't be executed by a man who finds himself trapped in the social concept of man and doesn't mature in the sense of breaking with social demand over himself. He is also close to his best friend's daughter, a 5-year-old girl. Talking to her, seeking to understand her, without infantilizing her. She resents the lack of attention of her family, with parents who fight constantly, especially for her father's attention. She reacts, Lucas realizes, and seeks to be her friend, helping her whenever possible, and taking her to school when necessary. She has some difficulties with lines. She can't step on them. Lines that are present on the way to school, when Klara is very sad and suffers from her father's refusal to accompany her. The lines represent the pain of missing her father. Klara reacts by denying this pain and the anger that the hurt causes and that is why she cannot step over the lines. Lucas respects her pain and her difficulty with the lines. He understands her. Klara tries to solve the question by replacing her father with Lucas. And she declares herself to him with the gift of a heart and a kiss. Lucas doesn't accept it, and Klara suffers. Lucas tells her to offer it to a friend showing this way, that he's not her father. Klara, then rejected again, resentful, reverses her intentions and takes revenge telling (the director) that it was Lucas who gave her the heart. The director doesn't suspect this subversion despite the heart seemed to have been done by a child. Paying no attention to the object. Only seemed concerned whether that present meant a sexual object given by Lucas. And all her questions then, spin, under that theme. Klara identifies something similar about that in the comments of her brother and his friend, eventually repeating something said by them about the transformation of the male sexual organs, when in a state of arousal. That was enough to awaken fantasies and thoughts about Lucas' behavior in the director, who without being able to control herself, needs to mention it to someone. She chooses the city's police authority. The deputy, a figure of truculent and threatening aspect, immediately welcomes the Director's fantasies over Lucas, adding to Klara's talk some sexual activities, demonstrating his own thoughts and fantasies. The policeman and the director do a portrait of Lucas to the rest of the school, including the student's parents. Lucas is found guilty of sexual harassment not only to Klara but to the other children too. All the children were questioned about it and confirmed what Klara said. Before going to trial, he was already convicted. He loses his job, and all his friends walk away from him under the argument that kids don't lie. It seems all adults will use the children’s testimonies to confirm their own fantasies and desires. The responsibility of Luca’s conviction becomes theirs. With this argument, all adults are freed from thinking and judging the facts and, even so, they are authorized to release their aggression on Lucas. He's the prey! The only one who seems to know that Lucas is innocent is Klara's brother who dares not say anything about it. He seems to be afraid. Lucas' son arrives in town. Believing in his father's innocence, he looks for Klara's father so that this one can talk to his daughter and seek to know the truth. He asks him to think, to investigate. Even his godfather seems to be in doubt. He suffers from everyone's mistrust and ends up also becoming the target of the city's hatred. Lucas is acquitted in court which doesn't change anyone's behavior. Otherwise, it seems to get worse when they kill his dog. Lucas' companion, old and chubby, always slept next to his bed. Very meek, she only got irritated when she heard the name of Lucas’ ex-wife. Fanny, the dog, was also Klara's friend. Fanny's murder changes Lucas, who is now depressed, indignant, and rebellious. Mainly resentful of his best friend, Klara's father, he shows all his hurt during the Christmas mass where he appears drunk. His friend notices his bitterness and sees the injustice he may have committed after talking to his daughter. He realizes that she feels guilty about the events that happened to Lucas and his dog. Klara suffers. Convinced of Lucas' innocence, he seeks out his friend and they reconcile. So, it seems that the entire city has also reconciled. The hostility towards the protagonist seems to have been overcome.
Then comes the day of Lucas' son's initiation into the hunting group: the group of real men. Men go hunting. And Lucas almost gets shot. He gets scared. He then realizes that the group he has befriended for so long didn't forgive him. The same reason that led him to be so prematurely convicted, every aggressiveness the city demonstrated against him, didn't resolve itself. What he doesn't understand is that his adult friends, capable and autonomous, live under the tyranny of eternal domination. They need to feel true men. They can't escape rivalry and competition. A man who is free from this type of game and chooses meekness, empathy, and affection to relate to both adults and children, provokes envy. Soon, he sees that the hostility of the other men against him won't pass, no matter if he hasn't committed any crime because he's not afraid to be a man. And that's unforgivable to others. The hunting day is said in the movie: "The day men saw rats and rats saw men." Very well said! Trailer:
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